terça-feira, 12 de março de 2013

Vacinas de DNA




A descoberta da vacina foi um momento revolucionário na medicina...Graças a ela, muitas das epidemias e pestes foram evitadas e outras travadas... A  vacina é uma substância produzida a partir de diversos agentes estranhos como proteínas,  toxinas, bactérias ou vírus (ou partes deles) mortos ou enfraquecidos (agentes patogénicos) que causam doenças. Ao ser introduzida no corpo do ser humano, a vacina provoca uma reacção do sistema imunitário, semelhante à que ocorreria no caso de uma infecção por um determinado agente patogénico, promovendo a produção de anticorpos (leucócitos). Estes, por sua vez irão combater o agente infecciosos acabando assim por tornar o organismo imune ou, ao menos mais resistente, a esse agente (e às doenças por ele provocadas). Desta forma, a vacina prepara o organismo para que, em caso de infecção por aquele agente patogénico, o sistema de defesa possa agir de forma rápida e eficaz. Assim, a doença não se desenvolve ou, em alguns casos, se desenvolve de forma moderada.  
Dentro das vacinas temos um grupo às quais denominamos Vacinas de DNA, que requerem a técnica de DNA recombinante para a sua produção. 

 Como são feitas???
  •  Seleccionam-se e isolam-se sequências do material genético do agente patogénico que codificam antigénios (componentes moleculares estranhos que estimulam uma resposta imunitária específica).
  • Através da acção de uma determinada enzima de restrição, o DNA do agente infeccioso é fragmentado, obtendo-se assim as sequências do material genético seleccionadas.
  • As sequências resultantes da fragmentação são inseridas no DNA de vetores (plasmídeos ou vetores virais que foram submetidos à acção da mesma enzima de restrição que o agente infeccioso) com o auxilio das ligases, dando origem ao DNA recombinante. Como resultado temos  um plasmídeo, ou um outro vetor, com a porção do DNA do agente infecciosos com interesse.
  • Este plasmídeo é inserido, normalmente  na bactéria Escherichia coli. Esta bactéria ao se reproduzir, permite que o plasmídeo se reproduza em larga escala, o que é fundamental para a produção da vacina. 
  • O vetor deve possuir gene de resistência a antibiótico (que permite seleccionar as bactérias que contêm o plasmídeo). Também podem ser inseridos outros genes para além daqueles que codificam o antigénio, com o objectivo de melhorar a eficácia da vacina.
  • Os genes retirados do agente patogénico codificam proteínas, que se produzem quando estes genes se expressam.

Quando estas vacinas são administradas a seres humanos, o DNA inserido é reconhecido pelas suas células, que começam a produzir proteínas, que seriam normalmente produzidas por bactérias, vírus ou outro agente patológico. Deste modo, o organismo humano (hospedeiro) reconhece estas proteínas e produz uma imunidade contra estas substâncias, criando-se assim uma memória imunológica.

Ao compararmos as vacinas tradicionais às vacinas de DNA, estas últimas apresentam algumas vantagens e desvantagens relativamente às outras. Por um lado, são mais vantajosas economicamente e tecnicamente , uma vez que possuem um controle de qualidade mais simples, não precisam de refrigeração para o seu transporte (estáveis em temperatura ambiente), têm um baixo custo de produção e manutenção, estimula a produção de linfócitos T, responsáveis por identificar e matar as células infectadas, etc. Por outro lado, tem as suas desvantagens, tais como: dificuldade em reconhecer, seleccionar e correlacionar todas as partes do DNA do agente que se quer combater; possibilidade da indução de uma doença auto imune...

As vacinas de DNA podem ser administradas por diferentes vias, sendo a injecção intra muscular a forma mais utilizada.

Texto elaborado a partir de:



                                                                                                                                  Cristina Sterbet


9 comentários:

  1. Este é um dos exemplos de como a técnica de DNA recombinante pode ser útil. Este mix de engenharia genética e sistema imunitário teve como resultado esta vacina de DNA. Penso que é do grande interesse esta "nova" vacina que eu própria desconhecia uma vez que que, se for explorada ao pormenor nos próximos anos, pode vir a ser a resolução a muitas das doenças que hoje tem se manifestado em larga escala, doenças essas como a SIDA. Cristina

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  2. Desconhecia que a função das vacinas era como, pelo que percebi, imitar um corpo estranho para que o organismo fique preparado para quando o verdadeiro corpo estranho entrar no organismo saber defender-se. As vacinas de DNA, pelo que percebi, são resultantes da tecnica de DNA recombinante, mas quando o vetor é inserido na bacteria, é com o objectivo de fazer a tradução ou só com o objectivo de multiplicar-se para ter várias cópias do DNA recombinante?

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    1. Mariana o vetor ao ser inserido na bactéria permite que aquando da reprodução da bactéria, o vetor se reproduza também. Deste modo consegues obter várias cópias do DNA recombinante. Esta vacina simula a acção do agente patogénico do qual se retirou o segmento de DNA. Deste modo, o nosso sistema imunitário reage contra "este agente estranho", produzindo anticorpos e criando uma imunidade contra este agente estranho. Assim, no futuro, caso sejamos infectados com este agente patogénico o nosso organismo estará preparado e actuará de forma rapida e eficaz...
      -Cristina

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  3. É estranho saber que as vacinas são o resultado de um conjunto de vírus, bactérias, etc, responsáveis pelas próprias doenças.
    Na verdade, o que se faz é "transferir" os agentes responsáveis pela doença para o próprio corpo, de modo a que este os reconheça e saiba como os combater face a uma futura possibilidade de o indivíduo ser afetado por estes.
    Excelente post!
    - Elisabete

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    1. Exactamente Elisabete, eu também fiquei um pouco surpreendida com o facto das vacinas serem as próprias bactérias, vírus, etc. Parece que as vacinas são um treino/uma simulação para o nosso organismo contra determinado agente patogénico.
      -Cristina

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  4. Por acaso eu já tinha ouvido dizer que as vacinas eram os virus que provocavam uma determinada doença para que o organismo criasse defesas, só não sabia como era preparado.. Gostei Cristina. só um aparte. há relativamente pouco tempo foi me explicado, muito sinteticamente, o porquê de não haver vacina contra a SIDA. o que me disseram foi que o virus da SIDA (VIH)está constantemente a mudar o seu ADN pelo que é dificil fazer uma vacina contra a doença. Parabens

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  5. Excelente escolha! Não fazia ideia de como eram feitas as vacinas. A única coisa a apontar é ao nível da produção escrita. Gostei.

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  6. Eu já sabia que as vacinas funcionavam por possuírem o agente patogénico num estado de latência e que isso levava a que o corpo (em específico os leucócitos) “memorizasse” esse agente patogénico e a sua ação para que numa futura infeção o organismo pudesse responder de uma forma rápida e eficaz. No entanto, não sabia obviamente que tal era conseguido devido à técnica de ADN recombinante visto esta ser uma aprendizagem recente. Faz de facto todo o sentido ser esta a forma de ação. Nas aulas mencionámos algumas das utilidades da técnica de ADN recombinante, sendo os transgénicos o exemplo mais comum, no entanto é muito interessante conhecer outras aplicações desta técnica no mundo científico. As vacinas parecem ser um mundo extraordinário e é importante saber como se preparam de facto porque a teoria ajuda a entender melhor por que razão são as vacinas algo de bom. Gostei bastante. Muitos parabéns Cristina!

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  7. De acordo com o que li no teu post, vi que relacionaste a matéria de engenharia genética com a imunidade, o que foi bom e uma ótima evolução em termos da ciência e da saúde. Por muito interessante que seja a vacina de DNA falaste em muitos termos que ainda não foram lecionados, mas que serão no próximo período, como por exemplo "memória imunológica" e a matéria de "vacinação" presente no livro.
    Apesar de tudo foi um bom post !

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