domingo, 9 de dezembro de 2012

Fertilidade masculina caiu 32% em apenas 17 anos

Muitos casais que têm dificuldade em engravidar e vão a clínicas de fertilidade nem sequer suspeitam que o problema pode estar na qualidade do esperma do marido. Segundo um estudo publicado recentemente por pesquisadores da França, a infertilidade masculina é um fenómeno que merece mais atenção do que tem recebido.
 
 
 
Ao analisar amostras de esperma coletadas de 26,6 mil voluntários, a equipa percebeu que a concentração de espermatozóides vem caindo continuamente nas últimas décadas, de 73,6 milhões/ml para 49,9 milhões/ml em média (uma queda de 32,2% de 1989 a 2005).
 
A pesquisadora Joelle Le Moal, destaca:
“A queda da concentração de sémen mostrada no nosso estudo significa que a média de valores que temos em 2005 caiu abaixo do nível considerado ‘fértil’ pela Organização Mundial da Saúde”
Houve participantes que apresentaram valores ainda mais baixos. Por outro lado, o estudo também mostrou que a média de espermatozóides “ativos” subiu de 49,5% para 53,6%.
 
Os resultados, porém, não deixam de ser preocupantes, especialmente porque condizem com os de outros estudos. Alguns pesquisadores suspeitam que condições ambientais podem estar por trás do fenómeno – há substâncias químicas que atrapalham a produção de hormonas e, assim, prejudicam a produção de gâmetas. Se uma pessoa é exposta a essas condições ainda na infância, o impacto pode continuar até a vida adulta. Le Moal acrescenta que, em alguns casos, o problema pode ser passado para a geração seguinte, se provocar alterações genéticas.
 
O professor Richard Sharpe, da Universidade de Edinburgo (Reino Unido), aponta:
“No Reino Unido esse problema nunca foi visto como prioridade de saúde, talvez por causa de dúvidas quanto à possibilidade da ‘queda na contagem de espermatozoides’ ser real ou não. Agora, só pode haver poucas dúvidas quanto a isso, portanto é hora de agir”
Na França, cientistas estão planeando um programa nacional de monitoramento da qualidade do esperma de cidadãos.
 
 
Mariana Mesquita

11 comentários:

  1. A fertilidade nos homens pode ser afectada ao nível da mobilidade dos espermatozóides, da resistência dos espermatozóides, da quantidade de esperma produzido, da morfologia dos espermatozóides, entre outros. Quando um homem é infértil significa que algum(s) deste(s) factore(s) mencionados a cima não estão a funcionar como deve ser. E não estão a funcionar devido a: infecções genitais, beber álcool com frequência, fumar, usar drogas, estar perto de ambientes tóxicos, sedentarismo, etc. Ou então, o homem é infértil devido a causas genéticas, como por exemplo, a alteração do número ou da estrutura dos cromossomas (que pode levar à perda da qualidade do sémen); as anomalias nos espermatozóides podem causar a incapacidade de fecundação, a paragem do desenvolvimento embrionário, falhas da implantação do blastocisto, e consequentemente abortos.
    Joelle Le Moal diz que o problema da infertilidade poderá ser passado de gerações em gerações, se for provocado por causas genéticas. Antigamente, quando ainda não havia os tratamentos para a infertilidade, um homem que fosse infértil, não teria descendentes e portanto não passaria a sua informação genética, e consequentemente não passaria o seu problema de infertilidade. Mas agora, nos tempos modernos, em que existem tratamentos para a infertilidade, o homem infértil conseguirá passar a sua informação genética à descendência, e nada nos garante que os seus descendentes não venham a ter também problemas de infertilidade, portanto esta razão também poderá contribuir para o decréscimo da fertilidade nos homens.
    É assim que interpreto este estudo/notícia. E uma vez que há um decréscimo da fertilidade nos homens, poderá haver um maior gasto económico por parte destes em tratamentos de fertilidade, ou então poderá haver uma diminuição na taxa de natalidade, pelos homens não conseguirem produzir descendentes (por serem inférteis) ou terem uma maior dificuldade em originar descendentes (por terem problemas com os espermatozóides nos níveis mencionados a cima)
    Considerei este estudo/notícia interessantes uma vez que a maior parte dos problemas de fertilidade num casal são associados às mulheres, no entanto é nos homens que se nota um decréscimo de fertilidade. E portanto para a infertilidade não se tornar num factor comum em todos os homens, é aconselhável que estes comecem a tomar precauções no sentido de terem um estilo de vida mais saudável para evitar este problema.

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    1. Parece-me um ponto de vista bastante válido e uma notícia bastante pertinente pois, há algum tempo, folheando um jornal (o "Expresso") encontrei um estudo que fizeram sobre este tema, que revelou que uma grande percentagem da população portuguesa não encara a infertilidade como a doença que é. Mais chocante ainda foi saber que também é elevada a percentagem de pessoas que não tem conhecimento sobre as suas possíveis causas nem, tão pouco, possíveis tratamentos e/ou técnicas alternativas de modo a contornar a impossibilidade de ter filhos. O conhecimento é pouco mas, no entanto, é um problema actual e que nos toca a todos de uma maneira muito pessoal. É por isso um tema muito importante pois, no caso de não ser genética, cabe-nos a nós tomar as precauções necessárias para prevenirmos esta doença e a precavermos.

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  2. Achei este post muito importante visto que é um tema da atualidade. Muitos casais desejam ter filhos mas muitas vezes não sabem o problema de não conseguirem concretizar esse desejo.
    Na minha opinião, a exposição a vários gases tóxicos e a substancias quimicas é um bom argumento para a diminuição da produção de gametas.
    -Sara

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  3. post muito interessante! Tenho que concordar com vocês que uma das possíveis causas de infertilidade masculina seja a poluição. Pode ser que este post ajude também a sensibilizar o Homem a não poluir tanto o ambiente!!
    -Danila

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  4. Eu concordo com todas. Acho até que se se fizesse um estudo em que homens (citadinos ou rurais) a fertilidade é maior poderiamos ter mais a certeza dos resultados deste estudo do post. Gostei muito!!

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    1. Qual é o teu palpite Beatriz? Os mais férteis são os Monchiqueiros, não?! ;)

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    2. Com certeza stora!!! Não se sabe já que isto aqui em Monchique é só ar puro!!! Farto me de ver liquens (bioindicadores)aqui na Santa Terra!! :)

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  5. Acho muito interessante esta notícia! À primeira vista um pessoa pensaria que com a evolução da tecnologia e da ciência e a atual existência de tantos tratamentos de fertilidade, o mais natural seria a fertildade ter aumentado nos últimos anos. Mas os estudos comprovam o contrário. Concordo plenamente quando mencionam as causas genéticas como um dos principais motivos para este decréscimos. Sendo que a fertilidade pode ser condicionada genéticamente é óbvio que pode ser transmitida ao longo de várias gerações. Fas sentido dizer que esta pode ser uma razão provável. Indivíduos inférteis, sem os tratamentos, lógicamente teriam muito poucas hipóteses de deixar descendência. Agora é possível estas pessoas terem filhos 'contra' a sua situação fisiológica e deste modo perpetuar a infertilidade genética. É quase como se o feitiço se virasse contra o feiticeiro. Nesta tentativa de superar a ordem Natural das coisas parece que o Homem tornou a situação pior e em vez de diminuir a fertilidade acabou por fazer com que a mesma aumentasse. Fatores ambientais podem também estar por detrás da infertilidade como é óbvio. A própria professora alertou-nos para o caso dos condutores de autocarros que, passando os dias sentados, diminuem a sua fertelidade pois a temperatura dos testículos em vez de ser inferior à corporal pode igualar-se ou ser ainda superior à normal, diminuido a qualidade e viabilidade dos espermatozóides e levando a casos de infertilidade. Situações como a poluição, ou fumar e/ou beber bebidade alcoólicas também terão um grande impacto pois afetam todo o organismo e os órgãos reprodutores não são exceção! Eu diria até que, por exemplo, por alguém tomar muitos medicamentos pode também ficar afetado uma vez que ingere grandes quantidades de químicos sintetizados em laboratório que são 'estranhos' ao organismo. Também achei interessante alertarem para que muitas vezes o problema de fertilidade não tem origem na mulher como tantas vezes se pensa. Certamente haverão muitas situações em que tal se verifica mas por vezes estas assunções são feitas erradamente. No entanto, não pretendo dizer que as pessoas fazem mal em recorrer a clínicas de fertelidade com o intuito de contrariar os seus problemas de infertilidade. Como é óbvio, ter ou não filhos é uma decisão do casal. Mas achei o estudo interessante, e como já disse, bastante contra o que seria de esperar. Gostei mesmo muito! Excelente trabalho, muitos Parabéns Mariana!

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    1. Beatriz não deve ter sido esta professora que falou dos motoristas certamente!!!

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  6. O tema é interessante e muito adequado às temáticas abordadas na aula. Gostei muito do título, no entanto a notícia deixou um bocado a desejar, um bocado vazia de conteúdo!! Por outro lado tu tentaste suprimir tal facto com a tua reflexão da mesma. ;) Uma questão (prenda de natal!!), como é que as anomalias nos espermatozóides (células) levam a falhas na implantação do blastocisto?!

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    1. Excelentissima professora Cláudia, só vi agora o seu comentário, amanha explico-lhe o porquê, mas basicamente, problemas técnicos. Agora respondendo à sua questão, quando eu referi no meu comentário "as anomalias nos espermatozóides podem causar a incapacidade de fecundação, a paragem do desenvolvimento embrionário, falhas da implantação do blastocisto, e consequentemente abortos." houve aqui um lapso, porque quando eu digo falhas da implantação do blastocisto, queria dizer, e se calhar devia ter explicitado melhor (pois não foi a melhor forma), que como o espermatozóide terá essa anomalia, poderá ocorrer fecundação, mas devido a tal não terá o desenvolvimento que supostamente teria se o espermatozóide fosse saudável, e portanto o trofoblasto poderá não libertar as enzimas (necessárias para "digerir" a parede do endométrio) e portanto não irá ocorrer uma implantação do blastocisto.

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